Por: André Tavares
Em matérias passadas deixei uma breve passagem sobre dois dos elementos do Hip Hop, mostrei para você sobre os Mcs das antigas na matéria: “Homenagem aos relíquias do rap”, e também comentei sobre sobre os djs das antigas na matéria: “08 djs da velha escola do rap que você precisa conhecer”, ressaltando que todas essas duas matérias, você confere aqui mesmo no site do rapforte.com.
Agora quero trazer outro elemento muito importante para o hip hop, que é falar sobre a arte do graffiti e e estes artistas geniais, que demonstram suas alegrias, protestos, cidadania, respeito e diversos outros assuntos que rodeiam a sociedade e especificamente as periferias, em forma de grafite. Inúmeros artistas representam muito bem a cena, estou falando de grafiteiros como Vitché, Speto, Arthur Lara, Binho, e vários outros. Como sempre, peço desculpas se por um acaso esqueci de alguém, porem quero deixar meu sincero respeito e admiração pelas obras de todos os grafiteiros do Brasil e do mundo. Parabéns a todos sem exceção.
Porém hoje, quero ressaltar 03 artistas geniais que tornam tanto os muros da cidade, quanto jaquetas e “boombox”, um mundo muito mais alegre e com mensagens e desenhos deslumbrantes no qual nossa alma se sente mais leve e de auto estima deslumbrante.
Para darmos inicio, quero que você conheça Fabiano Barbosa dos Santos, mais conhecido como “Minu”. Este genial artista nasceu na Vila Maria (SP) em 31 de outubro de 1967, mora no Jd Bela Vista em Guarulhos(SP), Sua paixão pela arte do graffiti em jaquetas deve-se com a chegada do filme “Beat Street” ( A loucura do ritmo) em 1984. Fez parte da 1ª geração de b.boys de Guarulhos em 1984 e a 1ª geração de b.boys da São Bento (berço do Hip Hop de SP) início de 1985.
Integrante do lendário grupo de b.boys Fantastic Force (Guarulhos) teve como referências no graffiti em jaquetas, os Grafiteiros: Paulo “Robô” e Bad “Break Mania”. Participou da 2ª Amostra Paulista de Graffiti de SP em 1993 com vários artistas na época como: “Os Gêmeos, Speto, Gugu, Vitché, Arhur Lara entre outros.
Em sua caminhada dentro da Fantastic Force participou de vários eventos e apresentações cantando rap, dançando break e grafitando em muros e jaquetas. Após anos longe da “cena “do hip hop retornou em 2014 com produção de vídeo clip e como principal responsável pelo retorno dos encontros da São Bento em 2015. No mesmo ano voltou a realizar arte em jaquetas em exposições no intuito de preservar as raízes da cultura hip hop…cultura que fez e sempre fará parte de sua vida. – obs. texto extraido do seu site: fabianominu.wixsite.com/artenasjaquetas
Fique agora, com um vídeo bem legal que “Minu”, fez para o mês do hip hop, falando sobre sua arte e a importância do grafite em sua vida.
Mês do Hip Hop Minu:
Agora vamos prestigiar a obra do mano Eduardo Kobra, mais conhecido mundialmente como “Kobra”. Da periferia de São Paulo para o mundo. Nascido em 1975 no Jardim Martinica, bairro pobre da zona sul paulistana, o artista Eduardo Kobra tornou-se um dos mais reconhecidos muralistas da atualidade, com obras em 5 continentes.
Kobra e sua primeira obra de arte feita em Porto Alegre, um graffiti do ator Mario Quintana – Foto extraída da internet
Desde os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, ele detém o recorde de maior mural grafitado do mundo – primeiro com ‘Etnias’, pintado para celebrar o evento, com 2,5 mil metros quadrados; marca superada por ele mesmo em 2017, com uma obra em homenagem ao chocolate que ocupa um paredão de 5.742 metros quadrados às margens da Rodovia Castello Branco, na Região Metropolitana de São Paulo.
Uma de suas obras mais famosas é ‘O Beijo’, executada em 2012 no High Line, em Nova York – apagada quatro anos mais tarde. Trata-se de uma releitura cheia de cores da imagem feita pelo fotojornalista norte-americano Alfred Eisenstaedt (1898-1995) em 13 de agosto de 1945, quando o povo saiu às ruas para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial.
Grafite famoso do Kobra chamado: “O Beijo” – Foto extraída da internet
Kobra começou a desenhar em muros na clandestinidade, como pichador, ainda durante a adolescência. O gosto pela espontânea arte de rua já era visível no garoto, que colecionava advertências por intervenções não autorizadas na escola e chegou a ser detido três vezes por crime ambiental – justamente por conta do uso irregular de sprays em muros das redondezas.
Nos anos 1990, trabalhou fazendo cartazes, pintando cenários de brinquedos e criando imagens decorativas para eventos naquele que era o maior parque de diversões do Brasil. Era a primeira vez que ele, filho de um tapeceiro e de uma dona de casa, ganhava dinheiro com suas imagens. O trabalho foi bem-sucedido, tanto que lhe rendeu convites para atuar também em outras empresas e junto a agências de publicidade.
Sua arte urbana começou a ganhar visibilidade na década seguinte. Em 2007, apareceu com destaque na mídia pela primeira vez por causa do projeto Muro das Memórias, em que mergulhou no universo das fotos antigas de São Paulo e passou a reproduzi-las nas ruas em tons de sépia ou em preto e branco, apresentando um estilo de grafite diverso daquele que se espalhava pela cidade.
Esse projeto acabou se tornando uma marca, embrião de muito do que viria a seguir.
Kobra se tornou um obstinado pesquisador de imagens históricas e não foram poucas as vezes em que tal predileção, estampada em muros gigantescos, acabou servindo para resgatar a importância de lugares e fortalecer a sensação de pertencimento de seus habitantes.
Autodidata, o muralista admite que aprendeu e desenvolveu sua arte ao observar a obra de artistas que admira – do misterioso expoente da street art Banksy, britânico cuja identidade jamais foi revelada, a nomes como o norte-americano Eric Grohe (1944- ), o também norte-americano Keith Haring (1958-1990) e o mexicano Diego Rivera (1886-1957).
Os projetos passaram a se somar. Em Greenpincel, Kobra demonstra uma eloquente preocupação com causas ambientais. Esses painéis, compostos por uma imagem e uma frase de protesto, são fortes panfletos em prol de causas ecológicas. Nesse sentido, seus genuínos temas vão desde o combate à pesca predatória até o veto à exploração de animais em eventos como o rodeio. Aquecimento global, poluições da água e do ar e desmatamento também aparecem em seus murais.
Em 2009, Kobra se deparou com pinturas de street art tridimensionais. Decidiu que também poderia fazê-las. Mergulhou em seu ateliê, realizou testes diversos e, em seguida, colocou sua arte na rua. Primeiro na Avenida Paulista, coração simbólico e financeiro de São Paulo. Depois, em exposições ao redor do mundo, de festivais em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a eventos nos Estados Unidos.
Sua sensibilidade para as mazelas sociais resultou no projeto Realidade Aumentada, em que pintou dez painéis em dez dias em 2015, sempre chamando a atenção para uma questão importante – de uma menina desaparecida a um morador de rua que escreve poemas, passando pela história de uma bailarina de origem pobre da periferia paulistana.
Mais recentemente, em uma revisita atualizada às imagens antigas, Kobra criou a série Recortes da História. Em vez de partir de velhas fotografias que retratem a memória de um lugar, o artista volta-se para momentos marcantes da história da humanidade. Assim, cenas como a do ativista norte-americano Martin Luther King (1929-1968) proferindo um discurso contra o racismo ganham os muros pelos traços do artista brasileiro.
Já no projeto Olhar a Paz, Kobra retrata personalidades históricas que tenham lutado contra a violência, pela disseminação de uma cultura de paz pelo mundo. É quando a arte do brasileiro endossa – e muitas vezes ecoa – mensagens de fraternidade e não-violência. Ele já estampou em muros o ativista indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), a vítima do Holocausto Anne Frank (1929-1945), a ativista paquistanesa Malala Yousafzai (1997- ) e o cientista alemão Albert Einstein (1879-1955), entre outros exemplos.
A herança de seu passado no hip-hop é revivida no estilo mais marcante de sua arte: imagens hiper-realistas, muitas vezes baseadas em fotografias de personalidades, como o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer (1907-2012), o artista espanhol Salvador Dalí (1904-1989) e o músico brasileiro Chico Buarque (1944- ), cobertas com cores fortes e contrastantes. Essas cores acabaram se tornando seu principal cartão de visitas ao redor do mundo, o estilo marcante de sua obra. E, em maior ou menor grau, passaram a aparecer em obras das mais diversas fases de sua carreira.
Seu primeiro mural fora do Brasil foi em Lyon, na França, em 2011. Na época, havia sido convidado para ilustrar um paredão de um bairro que passava por processo de revitalização – ou seja, lançou mão de sua vertente Muros da Memória para ajudar na valorização histórica da região. De lá para cá, já pintou em países como Espanha, Itália, Noruega, Inglaterra, Malaui, Índia, Japão, Emirados Árabes Unidos, além de diversas cidades norte-americanas.
Mora em São Paulo, onde também fica seu ateliê. Abaixo, vou deixar um vídeo bem bacana feito pela Tv Brasil, com o programa “Impressões” para que você conheça melhor este artista. – obs. Biografia extraída de seu site: www.eduardokobra.com
“Impressões” – Eduardo Kobra:
E pra fechar nossa matéria com chave de ouro, quero que conheçam a obra dos irmãos mais conhecidos do mundo na arte do grafite. Estou falando nada mais, nada menos do que “Os Gêmeos”. Gustavo e Otávio Pandolfo, sempre trabalharam juntos. Quando crianças, nas ruas do tradicional bairro do Cambuci (SP), desenvolveram um modo distinto de brincar e se comunicar através da arte. Com o apoio da família, e a chegada da cultura Hip Hop no Brasil nos anos 80, “Os Gêmeos” encontraram uma conexão direta com seu universo mágico e dinâmico e um modo de se comunicar com o público. Exploravam com dedicação e cuidado as diversas técnicas de pintura, desenho e escultura, e tinham as ruas como seu lugar de estudo.
Nunca deixaram de fazer graffiti, mas, com o passar dos anos, esse universo criado pela dupla, com o qual sonham e se inspiram, ultrapassou as ruas, se transformando numa linguagem própria e em constante evolução, com outras referências e influenciado por novas culturas.
Acreditam nos encontros e experiências que a vida proporciona, em seu ritmo natural e delicado. Os artistas, hoje reconhecidos e admirados nacional e internacionalmente, usam linguagens visuais combinadas, o improviso e seu mundo lúdico para criar intuitivamente uma variedade de projetos pelo mundo.
Realizaram inúmeras mostras individuais e coletivas em museus e galerias de diversos países, como Cuba, Chile, Estados Unidos, Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Lituânia e Japão. Para entender a obra de “Os Gêmeos” é necessário deixar que a razão de lugar ao imaginário – atravessar portas, se permitir perceber as sutilezas e embarcar numa experiência que excede a visual. Sentir, antes, para entender depois. – Biografia extraída do site: www.osgemeos.com
E pra você que é aqui de São Paulo, você não pode perder uma exposição linda sobre “Os Gêmeos”, mais corre, pois ela vai somente até Fevereiro de 2021. abaixo deixarei uma explicação sobre o evento a partir da pagina: https://catracalivre.com.br/agenda/exposicao-osgemeos-pinacoteca-sp/
“Após sete meses fechada, a Pinacoteca retoma suas atividades com força total! E a boa notícia para quem já não aguentava de saudades desse museu é a inauguração da aguardada exposição da dupla “Os Gêmeos”.
Com curadoria do alemão Jochen Voltz, a mostra “Os Gêmeos: Segredos” – que estava prevista para abrir em março e foi adiada por conta da pandemia do novo coronavírus – ocupa sete galerias do primeiro andar da Pina, a área do octógono, um dos pátios do edifício e outros espaços internos e externos.
A exposição pode ser conferida entre os dias 15 de outubro e 22 de fevereiro de 2021, de quarta a segunda, das 14h às 20h, sempre com horários agendados por meio deste site: https://catracalivre.com.br/agenda/exposicao-osgemeos-pinacoteca-sp/. E outra notícia incrível é que até o dia 23 de outubro você não paga para entrar! Após essa data, os ingressos passam a custar R$25 (inteira) e R$ 12,50 (meia-entrada) – exceto aos sábados, que têm entrada gratuita!
Abaixo para ilustrar nossa matéria, também quero deixar um vídeo bem bacana explicando um pouco da história deste gênios do grafite. Fiquem todos com Deus, e até uma próxima.
“Os Gêmeos” – Grafiteiros: