Diretamente de Madureira no Rio de Janeiro, o pianista Jonathan Ferr é destaque em matéria do famoso site britânico.
Disposto a difundir o jazz nas periferias brasileiras Jonathan Ferr vem fazendo seu nome também em território internacional. Recentemente o pianista carioca que mistura Jazz com Hip Hop foi reconhecido pelo renomado jornal britânico The Guardian. A matéria destaca ainda a dupla Yoùn e Carlos do Complexo, além artista Amaro Freitas.
“O jazz estava me dando liberdade, enquanto o rap estava me mostrando meu lugar como homem negro em uma sociedade racista“, contou Ferr ao site. “Essas foram duas músicas Black que me trouxeram o poder de ser eu mesmo.” diz o pianista, que faz parte da vibrante cena do jazz contemporâneo no Brasil.
Na publicação Jonathan Ferr conta ao jornalista Felipe Maia como foi a experiência com seu primeiro teclado. Revelando que no início teve que dividir seu instrumento com seus quatro irmãos.
Anos depois ele começou a frequentar os primeiros shows de jazz em clubes burgueses da zona sul da cidade “Muitas vezes eu era o único negro a assistir a essas apresentações e ficava me perguntando por que aquela música só tocava lá e não em Madureira“.
A publicação do The Guardian ressalta ainda algumas características únicas na música de Jonathan Ferr. Indicando faixas como “Sino da Igrejinha“, de seu último álbum, ‘Cura‘.
Prestígio na cena musical
Jonathan Ferr que está no line-up do festival Rock in Rio em 2022, lançou recentemente o EP e Compacto Duplo “Sombra & Água Fresca” em colaboração com JOCA, Sain e a MangoLab.
Além disso Jonathan Ferr já tocou em clubes como o Blue Note do Rio e a iteração do festival de jazz de Montreux. Mas segundo o artista uma de suas melhores experiências foi em um show em seu próprio bairro em 2017, com ingressos a um real. “Estava cheio. As pessoas não ouvem jazz porque não têm acesso a ele – isso me marcou.”
“Quando subo ao palco falo por mim, mas também falo pelo Madureira, pelos pianistas que não conseguiram chegar àquele lugar, por gerações que não tiveram uma referência negra como eu. Já perdemos muitos músicos brasileiros. A narrativa agora é a seguinte: Eu sou negro, sou brasileiro e vou ficar no meu país dizendo a todos que fazer essa música é possível.” finaliza o artista para o The Guardian.