Redatora do Rap Forte é agredida covardemente pela polícia no centro de Manaus.

Mais um episódio de violência contra a mulher aconteceu nessa terça-feira (6) em plena luz do dia no centro da capital do Amazonas.

A violência policial assim como a violência contra a mulher, infelizmente não são novidades para a maioria dos brasileiros, mesmo que algumas pessoas insistam em negar, a polícia brasileira é violenta sim e esse fato denunciado hoje escancara o despreparo dos agentes da lei que são reflexo da nossa sociedade machista. Dessa vez o ataque foi contra uma colaboradora da equipe de redação do Rap Forte. Rhyvia tem apenas 18 anos, cursa jornalismo e foi vítima de um ato covarde cometido justamente por alguém que deveria estar servindo e protegendo a cidadã.

Dia após dias vemos notícias como essa em todo Brasil, e os índices apontam que as agressões contra mulheres aumentaram 39% no Amazonas de janeiro a junho de 2020. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública Estadual (SSP), no primeiro semestre deste ano o número de casos de agressões a mulheres cresceu significativamente na comparação com o mesmo período do ano passado. No primeiro semestre de 2019 foram registrados nas delegacias de defesa da mulher 7.664 casos de injurias, ameaças, lesão corporal, vias de fato, perturbação da tranquilidade, dano, difamação, violação de domicílio e outros delitos. Nos primeiros seis meses deste ano a quantidade de queixas saltou para 10.660, uma diferença de 2.996 ocorrências.

Esses altos índices que são de conhecimento inclusive dos policiais que deveriam estar combatendo tais ações, foram totalmente ignorados como fica explícito nas imagens abaixo:

https://www.instagram.com/p/CGCyQo3jq_i/?igshid=1kxyuqnk0xwi2

Extremamente abalada com o ocorrido e mesmo correndo risco de represálias por parte da polícia Rhyvia nos contou como foi a abordagem e detalhou que  “motivo” dessa agressão foi justamente por o policial acreditar que estava sendo filmado numa abordagem anterior. A nossa colaboradora espera que através desse fato lamentável possamos dar maior visibilidade para o incontável número de mulheres que passam por situação parecida, seja em casa por meio de seus companheiros, ou até mesmo gratuitamente na rua.

Abaixo as próprias palavras da vítimas foram transcritas:

O que aconteceu foi o seguinte, era de tarde, e eu estava saindo do meu trabalho e fui descansar na praça (centro de Manaus), estava acontecendo uma abordagem há uma distância grande de onde eu estava, então achava que corria tudo bem e ninguém ia me incomodar. Eu estava mexendo no meu celular, quando um deles viu, se aproximou de mim e perguntou “e aí bonitinha, tá filmando o que aí?”. Eu falei que não tinha nenhuma gravação, mas que mesmo assim ele poderia olhar e ele pegou. Quando eu falei que eu queria o meu celular, ele olhou e pegou no meu braço tentando quebrar ele. O policial chamou o outro e afirmou que eu ESTAVA FILMANDO (sendo que não tinha nada) e ele falou “ela tem que ir com a gente na delegacia”. Foi quando eu falei “pô, é assim que vocês honram a farda? Tentando quebrar meu braço?”. E pronto, ele furioso me chamou de puta e desferiu um tapa no meu rosto. Ele só foi embora por que tinha gente gravando a ação e ele não queria ser filmado.

Celular em legítima defesa:

Nada justifica tal covardia, mas a a título de informação é importante ressaltar que o celular em muitas das vezes é o único instrumento que o cidadão encontra para se defender em casos como esse. Milhares de imagens de agressões e abordagens violentas expõem brutalidade cotidiana das forças de segurança em todo o país.

No mundo todo o uso de celulares para gravar imagens ou tirar fotos de abordagens policiais ilícitas se concretiza como uma forma de ecoar denúncias contra a brutalidade rotineira dos agentes. A gravação de abordagens abusivas permitem que a narrativa dos policiais, que são as registradas nos boletins de ocorrência, sejam questionadas e refutadas.

O que diz a lei:

Ao contrário do que muitos pensam e até mesmo declarado por policiais durante muitas abordagens ou protestos, filmar qualquer ação policial é permitido pela lei brasileira, segundo explica Rafael Português, defensor público do Estado de São Paulo em materia do site Brasil de Fato comentando esse tema.

“Não existe nenhum mecanismo legal que proíba. A atividade policial é uma atividade do Estado que deve contar com o controle, não só com os órgãos de fiscalização, mas com o controle popular. Nesse sentido, a atividade de um cidadão que filma a atuação policial acaba contribuindo com um dos fins da própria polícia, que é garantir a segurança pública”, afirma Português para o site.

Nós da equipe Rap Forte se solidarizamos com nossa colaboradora Rhyvia, assim como com todas as mulheres que sofrem violência dia após dia e também com todas as vitimas de opressão policial no Brasil. Esperamos que por meio dessa matéria/denúncia assim como as mediadas cabíveis da vítima contra o agressor sejam apuradas e devidamente punidas pela corregedoria de polícia de Manaus.