A representatividade feminina no RAP

 

Na foto: Dina Di, líder do grupo Visão de Rua e considerada pioneira entre as mulheres que atuam no hip hop nacional, imagem do YouTube

No dia 8 de Março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, apesar das conquistas, imagens de protestos marcam o dia, grandes cidades da América Latina receberam manifestações hoje.

Na Cidade do México por exemplo houve um recorde de participantes. Em pleno século XXI o cenário não é nada legal, o número de feminicídios no país mais do que dobrou nos últimos cinco anos.

No Brasil o número de mulheres assassinadas por crime de gênero em 2019 aumentou 7,3% em relação a 2018, o que totaliza em 1314 casos de feminicídios no ano passado. Os dados foram contabilizados pela plataforma Monitor da Violência do portal G1.

O hip hop chegou como música de resistência, inclusive ao feminino. Assim como toda sociedade, o RAP Nacional também tem uma dívida de gratidão pela contribuição feminina com o movimento, e tem obrigação de dar voz as mulheres, já que a busca da inclusão é um dos nossos pilares.

Durante boa parte de nossa história elas foram deixadas de lado, falando exclusivamente de música, num cenário dominado pelos homens, a invisibilidade é a principal barreira no processo de divulgação do que é produzido por elas.

Apesar dessa “invisibilidade”, as mulheres mostram a cada trabalho seu potencial para estar no mesmo patamar que qualquer artista.

No início dos anos 90, quando o movimento começou no país, poucas mulheres se aventuravam no estilo, porém nomes como Negra Li, Dina Di, Rubia RPW, Sharylaine, Cris SNJ desbravaram caminhos dentro do rap nacional.

Até pouco tempo line-ups de festivais e cyphers simplesmente ignoravam a luta por espaço, porém o cenário esta se expandindo e diversificando, agora as mulheres estão se sentindo representadas, a marca Pineapple Supply por exemplo, mesmo já consolidada no meio, tem acompanhado e participado dessa ascensão.

O projeto “Poetas no topo”, que nasceu em 2016, tem sido um divisor de águas para o rap nacional. Atualmente em “Poetistas no topo” vozes femininas da nova geração se juntam com artistas já consagradas: Drik Barbosa, Mariana Mello, Bivolt, Nabrisa, Souto MC, Karol de Souza & Azzy participaram do primeiro projeto de “Poetistas no Topo”.

 

“Poetisas no Topo 2″ conta com Stefanie, Cynthia Luz, Winnit, Ebony, Lourena & Kmila CDD:

 

 

A nova geração vem forte e mostra que as rappers estão mais do que preparadas para ocupar todos os lugares que desejarem na sociedade e na música e esse é apenas o começo.

Em pleno 2020 vale lembrar que não existe segregação no nosso movimento, o rap é um todo não tendo divisão, não há mais espaço para qualquer tipo de preconceito nem violência, o termo Rap Feminino não foi citado aqui, pois não se encaixa nos nossos ideais. O RAP é um só e ele é FORTE.

 

3 NOMES DO RAP ATUAL PARA VOCÊ POR NA SUA PLAYLIST:

 

 

 

CYNTHIA LUZ

 

Cynthia já garantiu espaço e respeito no meio do RAP, seus números seguros comprovam isso: são mais de 50 milhões de views no YouTube e 2,6 milhões de ouvintes mensais no Spotify.  A mineira que conta também com 1,1 milhão de fãs no Instagram, tem credibilidade dispensa apresentações e na minha opinião é uma expoente do rap atual.

 

CLARA LIMA

 

A versátil Clara Lima é a cara do Freestyle, a MC se tornou a primeira mulher a representar Minas Gerais em 2015 no Duelo e na Batalha do Conhecimento. No ano seguinte, Clara venceu o YO Music Brasília. Essa consolidação nas batalhas abriu portas. “Transgressão”, de 2017, fez sua estreia. O seu último álbum “Selfie” elevou seu nível, atingindo outro patamar e calando os críticos.

 

 

EBONY

 

Ebony chegou quebrando tudo na cena, apesar da pouca idade já ganhou notoriedade a nivel nacional, deixando de lado o rótulo de promessa ao ser eleita a Revelação do Rap no prêmio Genius Brasil de Música no ano de 2019. “Sua estética visual é a personificação do trap, rimas e levadas desafiam os padrões técnicos que estamos acostumados…” descreveu um dos jurados do prêmio.

 

 

 

Natural do RJ, ela vem ganhando destaque por sua originalidade “Flow BabyGirl” foi um dos seus primeiros trabalhos. Trabalhou com nomes em ascensão nas faixas: “Marra” no feat com Aka Rasta e “Confio” parceria com o mineiro FBC, não deixando de mencionar novamente a participação no “Poetisas No Topo 2”. Ebony vem crescendo sem perder a essência mostrando potencial para se tornar uma das grandes referências do rap/trap nacional.