Cê pensa que é brincadeira, é mil fitas, vários dias, mil problemas! Os rappers paulistas, Vietnã e Ritir quebram tudo em um clipe de grosso calibre.
Após um período sem publicar lançamentos em seu próprio canal, logo depois do single “Filtro”, o rapper Vietnã, vinha focando em projetos pessoais e dedicando uma boa parte do seu tempo executando trampos de produção musical com seu estúdio On Lab. Antes de “.50” seu último trabalho disponível no Youtube era “Valor das Escolhas” no canal da Sello Suply.
Porém iniciamos o penúltimo mês de 2020, ao menos com uma boa notícia para os fãs do rap nacional. Os ouvintes mais exigentes que curtem um bom rap de conceito, tratando temas atuais, retratando a vivência das periferias, sem abrir mão da sonoridade e qualidade audiovisual, ganharam munição com o lançamento do clipe da música “.50”.
A composição dos amigos Vietnã e Ritir, ambos da Zona Sul de São Paulo, encaixa perfeitamente com o beat produzido na On Lab, e o clipe do video-maker VMS traz um roteiro bastante interessante, em que os artistas encenam o movimento recorrente das biqueiras, mas com um moeda de troca diferente, os clientes trazem itens valiosos até os “traficantes” que o entregam um bem mais valioso ainda, a informação.
É louvável também a presença do b-boy Ed Santos, que foi convidado para o clipe dando ainda mais valor a obra, resgatando um dos pilares do hip hop nas cenas do filme que foram captadas na Favela do Borracha, extremo sul de SP.
Sem mais delongas, assista o clipe de “.50” disponível no Youtube:
O som que é destaque no Youtube, alcançado quase 100 mil visualizações logo na primeira semana de lançamento, ganhou mais um boost na divulgação, ao influenciador FalatuZetre reagir a música. O registro foi postado por Vietnã nas suas redes sociais.
Durante a passagem da equipe do Rap Forte por São Paulo para gravação de alguns conteúdos novos, tivemos o prazer de visitar a On Lab, e conhecer um pouco mais do trabalho de um dos rappers mais respeitados da safra atual.
Confira abaixo alguns trechos que falam diretamente da música “.50” e em breve soltamos a entrevista completa em vídeo nos canais do Rap Forte no Youtube e Facebook.
Qual sua relação com o Ritir, como o conheceu e por consequência surgiu a ideia de fazer a música “.50”?O Ritir é MC da On Lab há um certo tempo, convivemos juntos e temos amizade e respeito, acredito bastante no potencial dele. Em uma determinada sessão de estúdio com ele. Estávamos lá ouvindo o beat e eu acabei me envolvendo, escrevi e tomei a sessão dele (risos). Inicialmente fiz só o refrão, pois a ideia era fortalecer o conteúdo dele, depois de algumas conversas acabamos decidimos upar no meu canal.
Esse beat, a encenação no clipe, e o refrão marcante ficaram a cara do Vietnã?
O beat é meu, através da On Lab, como meu canal tava parado e assim como o Ritir eu estava precisando também gerar conteúdo, achei que esse som ficou a cara do Vietnã. Por já ter uma certa visibilidade eu e o Ritir entramos em consenso que era uma boa postar no meu canal. Fizemos esse som numa noite, fiz a mix e master na outra semana, o clipe foi dessa mesma forma, foi fluindo. Pensamos em conjunto no roteiro, cada um foi dando uns toques e o público abraçou. O som ta batendo certinho. Gravamos o clipe aqui perto da On Lab, duas ruas pra cima, na Favela do Borracha.
E a ideia de ‘traficar informação’ na biqueira como surgiu?
O refrão do som gira em torno dessa ideia, da força da palavra, por isso logo no início há um aviso para ser levado a sério. Sobre os livros no clipe, o hip hop esta rumando para um caminho, onde ta sendo muito valorizado essa questão de arma, força bruta, enquanto tem gente matando nós, dando autógrafo no papel, apenas com uma assinatura. As vezes é isso que falta pra nos, palavras, instrução. Como o refrão já falava dessa tema, eu pensei em fazer um clipe picadilha, mas sem alimentar esse sistema e o que já rola todo dia. Se você for ver toda compra no clipe, não é 10 reais. Coloquei nota de 100, para figurar exatamente o quão valioso é o produto, mano trocando o tênis Nike, assim como acontece com o crack na biqueira.
A edição e os efeitos deram uma roupagem foda no clipe, quem foi o responsável?
Fui passando minhas ideias para o clipe, o VMS conseguiu absorver e saiu um bom trabalho. É um mano que eu já conheço há um bom tempo, ele já produziu um dos meus primeiros beats, acho que foi meu terceiro laçamento, em “Proibidão” o beat é dele e agora ele voltou a ativa como videomaker.
E a tatuagem de uma bala de “.50” foi nisso que se inspirou para compor?
Mano eu fiz a tatuagem no dia da “.50”, um pouco antes do clipe, fiz no tamanho original de um projétil de bala de .50, simulando uma caneta. Exatamente como o refrão “Palavra rasga igual calibre de “.50”. Foi tudo dessa forma, uma outra curiosidade é que compramos os fogos de artifício que aparecem no final de última hora também, colocamos 3 moleques para acender ao mesmo tempo para dar aquele visual maneiro, mas era só isso que tinha.
Vietnã ainda nos adiantou alguns dos seus próximos trampos para os fãs ficarem de olho, o que podemos deixar de spoiler aqui é que em breve sai a segunda versão de um dos seus maiores sucessos, o clipe de “Front” lançado há 2 anos tendo hoje mais de 7 milhões de views no Youtube e agora contará com a presença de ninguém menos que Helião do RZO. Uma outra colaboração impactante que vem por ai é um feat com o rapper paranaense Mano Flér.
Ouça Vietnã também nas plataformas digitais: