Haitam é brasileiro com ascendência libanesa, mas tem familiares e amigos na Palestina. Portanto o artista tem propriedade para falar da vivência familiar em território de guerra.
O rapper Haitam, morador do Jardim Pery em São Paulo, conversou com exclusividade com o Portal Rap Forte e diz que não dorme direito a dias preocupado com familiares que vivem na região e usa seu Instagram para tentar informar e conscientizar seu público.
A escalada de violência entre Israel e o Hamas, o grupo extremista que controla a Faixa de Gaza, que já dura mais de uma semana atraiu novamente as atenções do mundo para um conflito que se arrasta por décadas, misturando política e religião. Palestinos e israelenses já viveram em harmonia no território que hoje corresponde a Israel. Quase um século atrás, porém, a paz deu lugar a uma onda de violência sem fim.
O assunto é extremamente complexo por isso não vamos entrar no mérito de qual lado está certo ou errado, o que Haitam pede é que apenas tenham piedade de seu povo e que as pessoas divulguem as atrocidades que são cometidas as quais não fazem distinção de crianças, idosos, homens ou mulheres. Ou que ao menos respeitem a dor de quem está perdendo seus entes queridos.
Haitam tem se mostrado incansável na luta contra a desinformação de alguns fãs do rap nacional que comentam palavras de ódio contra os muçulmanos, mas o rapper explica que até mesmo muitos cristãos vivem na região onde nasceu ninguém menos que Jesus Cristo.
Uma parte considerável da imprensa mundial, responsável por levar ao Ocidente as notícias da forma quer, distorce algumas informações na opinião de Haitam e isso provoca comentários cretinos de muita gente insensível.
“O protesto não é pelo Hamas, é pelos palestinos. Todo povo é contra o seu governo. É o mesmo que eu te julgar pelo Bolsonaro.” disse Haitam ao Portal Rap Forte.
“É um povo vítima, que a anos e anos vem perdendo suas terras, hoje apenas 7% da região é deles o restante é de Israel. Eles tiraram o povo na bala e no fogo como você está vendo. Isso acontece há décadas, isso é muito louco e vem desde 1948.” continua.
Haitam que é autor de hits como “Muita Fé” e “Importado da Favela” tem mais de 23 milhões de views no Youtube e 154 mil seguidores no Instagram e usa esse alcance para noticiar e publicar vídeos de violações dos direitos humanos que chocam seus milhares de seguidores nas redes sociais.
“Mano isso é sinistro, você nem imagina o que a gente recebe de conteúdo, não da nem pra postar, é muito forte! Crianças abertas, completamente abertas, tudo destruído, pessoas pela metade, crianças carregando corpo de pai e mãe.”
No momento que conversamos com Haitam ele disse que estava a quase 48 horas sem dormir. “Dói muito, é uma covardia, da vontade de largar tudo e ir lutar por eles.”
Pedimos para o rapper tentar passar aos nossos leitores a sua ótica desse conflito, já que boa parte dos brasileiros defende Israel e consideram os palestinos terroristas.
“Israel planta raiva e ódio nas pessoas pra eles atacar. Esse conflito de agora começou por que os muçulmanos estavam na mesquita, orando, afinal estamos no mês do Ramadã, eles atacaram, tinham crianças lá, uma pessoa morreu dentro da mesquita e aí começou a retaliação.
A mídia diz ‘palestinos atacam Israel’ mas por que atacou? Se os caras tomaram toda Palestina, eles quase não tem forças para se defender. Os caras não tem exército, polícia, nada. Enquanto Israel tem uma das maiores forças bélicas do mundo, eles tem bilhões em investimento no exército.” conta Haitam.
Por fim ele simplifica praticamente toda história em um ponto bem didático: “A mídia distorce tudo, só de você ver o Bolsonaro sendo apoiado e apoiando Israel você já deve imaginar o tipo de governo, é eles, o Trump e o Bolsonaro tudo a mesma fita, genocidas total.”
As imagens que o rapper publica diariamente são chocantes, porém ele diz que se sente impotente diante do silêncio do resto da classe artística e de boa parte da imprensa.
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Nesse domingo (16) Haitam publicou um vídeo cobrando posicionamento dos artistas e influencers brasileiros que utilizaram figurinhas do Ramadã no Instagram no início do mês sagrado para ter destaque na função stories, e engajar seus trabalhos, mas que agora se omitem diante das covardias cometidas contra o povo palestino.
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