Dois dias de programação contínua com rap, trap e funk, pilares do hip hop ativados, ações sociais e arena esportiva mostraram a construção que sustenta o festival como o maior do país.
O Rap in Cena 2025 levou mais de 41 mil pessoas ao Parque Maurício Sirotsky Sobrinho nos dias 18 e 19 de outubro. A organização estimava de 15 a 18 mil por dia e o público superou as projeções, colocando Porto Alegre no centro da conversa nacional. A cidade respirou cultura de ponta a ponta, com repercussão em portais e na TV aberta.
No sábado, a chuva deu trégua e os primeiros shows abriram a edição em clima de retomada. Foi nesse cenário que a apresentação da Duquesa ganhou contorno de cartão postal quando o céu clareou e um arco-íris surgiu sobre o público. O dia seguiu com nomes de grande tração da atualidade, como BK, Chefin e TZ da Coronel, mantendo o ritmo alto até a noite.
Ainda no sábado, Poze do Rodo chamou ao palco Rozeli da Silva sem saber que se tratava de uma liderança da Restinga e fundadora do Renascer da Esperança. O encontro espontâneo virou símbolo da ponte entre rap e trabalho social, traduzindo a essência do evento.
No domingo, a programação começou cedo, com Tasha e Tracie abrindo a tarde e aquecendo a plateia para uma sequência intensa. Na mesma noite, Djonga transformou repertório em catarse com dois marcos claros em vídeo. Teve pedido de casamento no palco ao som de Melhor Que Ontem e uma fala direta contra a perseguição política ao rap e ao funk, ecoando forte no público. O peso do gênero seguiu em evidência com apresentações de MC IG e MC PH.
A curadoria equilibrou grandes atrações e talentos locais, criando fluxo contínuo entre palcos, pistas e ativações. Os quatro pilares do hip hop estiveram vivos com DJs, MCs, breaking e graffiti, enquanto a arena esportiva aproximou skate, boxe, muay thai, jiu-jitsu e kickboxing da plateia.
A narrativa se fechou com compromisso. Mesmo com a voz em recuperação, Orochi se apresentou no domingo. Em 2024 ele havia apoiado Porto Alegre nas enchentes com doações; em 2025 recebeu a retribuição do público, aprofundando o laço com a cidade e com o festival.
Além da música, o Rap in Cena manteve o foco em impacto social. A cada edição, mobiliza doações que somam dezenas de toneladas de alimentos, fortalece iniciativas comunitárias e movimenta a economia local. Resultado: um fim de semana que confirma o título de maior festival de hip hop do Brasil e projeta Porto Alegre como referência nacional da cultura urbana.