A fúria negra ressuscita outra vez!

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Se depender da sociedade americana, os Estados Unidos como um todo vai sofrer as consequências do assassinato brutal de George Floyd, homem negro de 46 anos que foi mais uma vítima da opressão policial. Em meio as manifestações que já duram 5 dias, dezenas de artistas também optaram por assumir a linha de frente das marchas e são resistência perante as tentativas da polícia americana de conter a fúria do povo.

O rapper mais icônico que representa a causa negra nos Estados Unidos, talvez seja a lenda, J. Cole, que também foi a luta. Ativista da causa desde o início da sua carreira, o rapper mantém sua ideologia, a postura dele nas letras também se traduzem nos protestos, afinal, essa não foi a primeira vez que J. Cole foi as ruas por uma causa nobre, em 2014, ele também marchou com manifestantes na cidade de Nova York pelo assassinato de Eric Garner.

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BRASIL

A revolta contra a opressão e discriminação racial/social num geral não é novidade para ninguém, porém agora a ira do povo tomou conta do mundo, chegando também as ruas do Brasil, que como o rapper Emicida já disse em uma entrevista algum tempo atrás, já devia estar “Em chamas a muito tempo” e as brutalidades recentes, inclusive com as crianças negras, só reforçam isso.

O próprio Racionais MC’s, o maior grupo da história do Rap Nacional e símbolo da resistência periférica no Brasil, em uma das letras de maior sucesso da carreira, já denunciava as atrocidades, isso a 23 anos atrás, na faixa “Capítulo 4, Versículo 3” do álbum “Sobrevivendo ao inferno” é evidente a situação de perigo eminente do negro no Brasil.

Escrita em 1997, a música dos Racionais MC’s ainda traduz o cotidiano de violência que atinge os jovens de periferia.

“60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial.
A cada quatro pessoas mortas pela policia, três são negras.
Nas universidades brasileiras apenas 2% dos alunos são negros.
A cada quatro horas um jovem negro morre violentamente em São Paulo.
Aqui quem fala é Primo Preto mais um sobrevivente.”

Um dos dados apontados na letra do Racionais, o número de negros matriculados em universidades, é um exemplo da diferença que a cor impacta na vida de uma pessoa. Entre as universidades brasileiras com mais de 10 mil alunos matriculados, apenas 40 possuem a taxa de representatividade de negros superior à média da população negra no país. Esse número representa somente 24,1% das instituições com esse perfil, sendo elas 23 públicas e 17 privadas. (Os números foram levantados pelo Quero Bolsa,)

DISTRITO FEDERAL

Se toda essa causa não é suficiente para revoltar alguém, aqui no Brasil nós ainda temos que lutar contra inúmeros adversários, tais como o próprio governo, a polícia, e até mesmo apoiadores de um regime fascista, um exemplo disso, são os ‘manifestantes’ que se reuniram em frente ao STF em Brasília para exaltar a Ku Kux Klan e o nazismo, num ato ‘pró governo’.

https://www.instagram.com/p/CA22N5iJ1uS/?igshid=1a8bqzzzjub9u

Porém se antes eles marchavam sozinhos nas ruas, enquanto as pessoas conscientes cumpriam o isolamento social, (afinal não podemos esquecer que lutamos contra uma pandemia global), os lunáticos se aproveitavam do espaço aberto e davam impressão de serem a maioria apoiando o governo Bolsonaro. Além de tudo isso, é um crime evidente a explícita apologia ao fascismo em suas vestes, bandeiras, tochas e gritos. E para quem acha que o rap não deve se envolver com a corja dos políticos brasileiros, vamos lembrar aquele que é um dos pilares do rap: a conscientização política.

SÃO PAULO

Se toda essas informações ainda não chocam os leitores, saltamos do Distrito Federal para a capital de São Paulo. Em um ato de bravura ontem (31/05) um homem deu enorme contribuição e foi também um estopim para as marchas tomarem agora todo o Brasil.

Vestido com uma camisa em homenagem a Malcom X, um rapaz de nome Emerson (@emersonozooficial) enfrentou sozinho uma roda de bolsonaristas durante manifestação na Av. Paulista em São Paulo, como podem assistir no vídeo abaixo, Emerson fez um belo discurso antirracista e foi cercado por manifestantes que o xingavam e faziam gestos obscenos, porém se manteve de punho erguido até ser retirado do meio da roda.

https://www.instagram.com/p/CA3yMP8Dm_4/

O vídeo que chegou até a equipe Rap Forte foi repostado e ganhou enorme repercussão, chegando até mesmo a Ilyasah Shabazz, filha de Malcom X, além do rapper Djonga, ambos compartilharam a publicação nos seus stories.

A manifestação na Avenida Paulista um dos logradouros mais importantes do município de São Paulo também contou com a participação das torcidas organizadas dos clubes de futebol da cidade, unidos por uma causa maior.

RIO DE JANEIRO

Atualmente algumas das maiores referências nas letras, e que se traduzem em atitudes de verdade, são por exemplo, BK e Ret , rappers cariocas, que abriram mão do isolamento e foram para a rua no Rio de Janeiro, apoiar as manifestações promovidas pelo ativista Raul Santiago idealizador da marcha intitulada “Vidas Negras Importam”.

https://www.instagram.com/p/CA3wq-VhdNm/?igshid=1hspbjdd689lq

MINAS GERAIS

Cruzando mais um estado, chegamos em Minas Gerais, onde Djonga, que talvez o maior nome da geração atual, reuniu seus amigos Sidoka, Chris, Iza Sabino, Oreia entre outros e também foram as ruas de Belo Horizonte, mais precisamente a Praça Sete de Setembro, comumente chamada Praça Sete, marco zero do seu hipercentro, para demonstrar sua insatisfação contra a opressão policial e também contra o governo atual.

https://www.instagram.com/p/CA56pyaDS4-/

Djonga, que repito, talvez seja o maior nome e mais representativo da geração atual no movimento hip-hop. Assim como o Racionais, transpira ideologia e ativismo em suas letras, como podem ver no verso abaixo, retirado de “Favela Vive 3“:

“No século 21, a cada 23 minutos morre um jovem negro
e você é negro que nem eu, pretinho, ó
Não ficaria preocupado?
Eu sei bem o que cê pensou daí
Rezando não tava deve ser desocupado
Mas o menor tava voltando do trampo
Disseram que o tiro só foi precipitado.”

Um dado importante é que segundo pesquisa divulgada pela Ufscar em 2014, a cada 23 minutos um jovem negro morre violentamente. Esse número é três vezes maior do que o de agressão cometida contra brancos e 10 vezes maior do que o dado retratado na emblemática música dos Racionais MC’s citada lá no início da leitura.

A causa mais que justa ganhou um repercussão astronômica e que talvez demore para se repetir, são inúmeros os vídeos e fotos de opressão policial a negros, além de atos fascistas que ebulem na internet, de olho nessa causa as páginas/mídias de rap nas redes sociais, que antes quando se posicionavam ideologicamente e politicamente trazia consigo comentários negativos e até mesmo redução no número de seguidores, agora serve como arma contra o sistema e também uma forma de tirar a venda dos olhos daqueles que não queriam olhar para as causas do gueto.

Siga abaixo algumas páginas que já fazem parte desse movimento:

CURITIBA:

A manifestação na capital paranaense era contra o presidente Jair Bolsonaro e também contra o racismo e segundo os manifestantes era pacífica, na Praça Santos Andrade, mas terminou com violência policial e oito pessoas foram presas. Segundo informações de sites do estado do Paraná, um policial também acabou ferido.

Em pleno centro de Curitiba, pessoas dispersavam da manifestação e foram atacadas violentamente por policiais militares.

https://www.instagram.com/p/CA6tCmcgBLS/

A equipe RAP Forte junto com as páginas do segmento nas redes sociais, apoia totalmente as manifestações antirracista e antifascista, de forma pacífica, porém repudia o vandalismo, assim como a violência policial ao coibir atos de liberdade de expressão, esperamos que tudo fique bem em breve e todos possam viver em comunhão.

O rap é forte! #vidasnegrasimportam #blacklivesmatter