São inúmeras as dificuldades encontradas pelas mídias de rap para se manterem ativas.
Matéria por Lucas Rodrigues.
Um dos grandes obstáculos é que não gera lucro e isso acaba levando muitos veículos à desistência. Em sua grande maioria, os portais ligados ao hip hop são formados por colaboradores, pessoas que tem outra atividade para gerar seu sustento mas que param no horário de almoço, vindo do trabalho e produzindo no ônibus lotado, pais e mães de família que arrumam tempo até quanto não existe para produzir conteúdo. ou também só existe um responsável a mesma tem que pagar domínio, pagar hospedagem de site e muito mais.
O não reconhecimento vindo de artistas que querem matérias dos seus trabalhos postados nos veículos de comunicação, mas nem se preocupam em “fortalecer” essas mídias num simples comentário ou compartilhamento, que inclusive beneficiaria o mesmo, trazendo em vista comunicar ao seu público que seu trabalho está numa vitrine.
Nos últimos meses três mídias especializadas em hip hop deram um tempo nas suas atividades, o Vandalize e Rap071 que são veículos focados no rap Baiano e o Noticiário Periférico portal de rap nacional, veja o relato dos motivos dessas paralisações.
Hebreu do Noticiário Periférico diz:
Quem ainda trabalha em mídia de rap, trampa por amor mesmo, porque se fosse por dinheiro ou valorização de artista A ou B já teriam abandonado.
Nesta correria, o Noticiário Periférico quase terminou por conta de muito trabalho (no site e fora), cobrança, desaforos de fãs, desaforo de artistas e outras fitas que aliadas ao fato de não serem remunerados, põe em check se vale a pena ainda continuar em algo que não está remunerando você.Em contra partida vem se criando uma cena onde muita gente ganha dinheiro, mas quem veicula e em muitos casos apresentam esses artistas ao público, trampa de graça. Tem também o caso do RapLongavida que chegou dar um tempo e agora voltou, mas aliado ao Zona Suburbana e tal. Tem o Vandalize que é uma mídia especializada em pagode baiano e rap nacional que nessa correria louca de vida pessoal, trampo com o portal e pandemia deu uma parada e tal.
Trabalhar em mídia de rap não é pra gente fraca.
Pedro do Rap071:
O RAP071 sempre pensou em formas de monetizar, principalmente pelo custo alto de se manter um site. Criamos midiakit com opções de publicitação, traçamos o perfil de nosso público e mapeamos possíveis patrocinadores. Na prática, esbarramos em um segmento em ascensão que não fazia o dinheiro girar entre si. O público não consumia das marcas locais e as empresas não buscavam estratégias de atingir esses possíveis clientes. Mesmo com números expressivos de acessos, não conseguimos tornar aquela produção de conteúdo rentável. Como mídia independente, o RAP071 sempre trabalhou com colaboradores.
Entre idas e vindas, passaram mais de 25 pessoas pela redação do site. Sem retorno financeiro e precisando dedicar tempo para produzir reportagens e matérias mais robustas, foi natural também os colaboradores perderem fôlego nessa criação de conteúdo. Com as redes sociais apontando os algoritmos e o engajamento para perfis voltados ao entretenimento, conteúdos curtos e replicados, o alcance do site reduziu drasticamente. Levar o leitor da rede social para o site, para que ele consuma aquele conteúdo por inteiro, é uma tarefa árdua e que requer muito mais dedicação e criatividade. Ou seja: mais tempo. E tempo, como sabemos, é dinheiro. Sem dinheiro, não é possível manter uma mídia independente por muito mais tempo.
Conheça o trabalho dessas mídias: