Já usou beats da internet? Então, este artigo tem um alerta para você
Não dá para negar que na história da música, vivemos em um dos momentos mais fáceis para produzir, consumir e até mesmo lançar singles e álbuns. Alguns anos atrás você teria que alugar um estúdio, pagar a captação toda mixagem e masterização, o processo levaria meses e seria muito caro. Mas a internet chegou, e entre todas as facilidades que ela trouxe para os artistas modernos, os beats free merecem uma atenção.
Afinal, o rap tem como estrutura musical, basicamente um instrumental, muitas vezes em mp3 ou Wav fechado, e a voz do rapper. É diferente do rock, por exemplo, que é composto por diversos elementos, como guitarra, baixo, bateria, vocalista, o que acaba exigindo obrigatoriamente mais de uma pessoa. Hoje, no entanto, uma pessoa com seu celular em casa é capaz de produzir um hit nacional.
É claro que o rap não se resume a apenas estes dois elementos citados acima, por trás do instrumental fechado, há toda a genialidade. Ela portanto, muitas vezes vem da cabeça de um produtor (ou mais), e um ou mais mcs. A troca em uma sessão de estúdio até chegar ao beat e à voz capitada e produzida, engloba diálogo, troca de informação, inspiração, riscos, entre outras experiências.
Há também os artistas que também se produzem, neste caso, esses rappers são uma verdadeira banda de um homem ou uma mulher só. Agora vamos entrar no ponto que queremos, há os mcs que se produzem, fazem o beat, criam algo “do zero”, enfim. E também tem o outro que sabe gravar a sua voz, até arrisca mixar uma coisa ou outra, mas não cria o instrumental, nesse caso, é comum alguns artistas buscarem os famosos beats free.
Os perigos dos beats free
“Gratuito par uso”, “free for profit”, “beats free use” entre outras variantes, estes são alguns dos nomes dessa categoria de instrumentais. Aliados a eles, temos o famoso termo type beat, que normalmente vem acompanhado do nome de supostos artistas que rimariam naquela música.
Como o nosso é beat free, em outro artigo falaremos sobre as vantagens de usar instrumentais autorais. Confira a seguir, alguns riscos ao qual você está exposto quando escolhe este beat para a sua música:
1. Nada é realmente de graça
Não vamos nos aprofundar, mas se você usa free beats, saiba que eles não são gratuitos. Hoje muitos canais ou perfis de beatmakers deixam isso discriminado, mas com um beat como esse você não pode distribuir esse som (lançar no Spotify ou Deezer, por exemplo). Além disso, se lançar, os royalties (o dinheiro que você ganha por reprodução), vai para quem registrou uma música naquele instrumental.
Se não tiver um registro sobre o beat, mesmo que o produtor não tenha feito isso, ele tem todo o direito de derrubar a música. Um caso de grande repercussão, por exemplo, aconteceu com Matuê, quando a música “Boomzim” ficou fora do ar, até o artista se resolver com o dono da batida.
“Mas e os beats gratuitos para lucro?”, sim, é possível que um beat seja disponibilizado para distribuição e você consiga ganhar com ele, isso ocorre por conta das diferentes licenças Creative Commons que temos. Mesmo assim é muito importante se atentar, principalmente em relação a registro, e essa é uma dificuldade que ronda muitos artistas no início.
“Então eu não posso mais usar os beats free?”, é claro que pode, afinal, eles podem ser usados gratuitamente como bases em que você vai gravar uma música para não lançar. Além disso, também é possível distribuir no YouTube SoundCloud, caso o seu intuito não seja viver de streaming.
2. Risco de não sair da caixinha
Não é difícil encontrar alguém reclamando que “está todo mundo igual”, e os type beats são uma grande fábrica de mcs genéricos. Type Teto, Type Orochi, Type etc., ao se submeter a um instrumental apresentado a um título como isso, é muito comum que o seu cérebro processe, que você deve usar toda sua bagagem sobre Orochi para tentar reproduzir algo que ele faria, por exemplo. Isso não é uma regra geral, mas pega a maioria.
É claro que os títulos vão acompanhar o nome que está na cena, e não necessariamente precisam ser do artista citado especificamente. Além disso, o rapper normalmente não tem nenhum autonomia sobre aquele beat que ele pegou fechado. Ou seja, ele não decide que instrumento vai tocar e quando, ou qual timbre fica melhor para sua voz.
Isso resulta em artistas que precisam se moldar para caber dentro de beat limitantes (apesar de muito bem produzidos). Quer dizer que você nunca vai lançar algo com beat da internet? Claro que não, pois até artistas da cena fazem isso, e existem muitos instrumentais tão lindos quanto uma produção do Ecologyk, Dallas, ou outros produtor da cena.
O problema reside no fato de hoje terem rappers construindo suas carreiras sobre beats free. Isso se relaciona com o próximo risco que apontaremos para você que usa beat de internet.
3. Falta de troca de experiência
Um destaque, neste caso, nos referimos ao rapper que tem o seu setup em casa, mesmo que seja apenas o mic e o notebook, e muitas vezes produz sozinho. Uma das coisas mais ricas na criação de uma música é a troca de conhecimento entre artistas.
Ao produzir com outro produtor, é possível que ele te apresente uma voz nova, te tire da zona de conforto, explore pontos que você nem imaginava, enfim. Sozinho, há uma chance de que você atinja um platô e tenha dificuldades de criar coisas novas.
Conclusão: devemos parar com os beats free?
Sem dúvidas, não, pelo contrário, é necessário ressignificar a maneira como estes instrumentais são vistos. Afinal, por trás deles, na verdade tem um produtor que quer viver de música também.
Então, uma das melhores formas de aproveitar esta oportunidade, é retribuindo, comprando uma licença, e buscando regularizar tudo antes de fazer uma distribuição e lançamento que podem te dar dores de cabeça e nenhum retorno financeiro.
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