Belo Horizonte vira referência nacional no cenário do RAP

BH virou Compton?

Não é de hoje que o RAP mineiro esta em alta no Brasil, com artistas diferenciados a capital Belo Horizonte faz jus ao “apelido” dado por FBC de Compton brasileira (guardadas as devidas proporções) alusão ao gueto dos Estados Unidos celeiro do RAP.

A cidade americana, é bastante representativa na cultura do hip-hop,

Rap Forte Belo Horizonte vira referência nacional no cenário do RAP
Integrantes do grupo N.W.A reprodução da internet.

sendo que a fama começou em meados dos anos 80, graças ao grupo de rap N.W.A, que referenciava a cidade em várias de suas músicas, uma das mais famosas foi Straigh Outta Compton, que posteriormente ultrapassou as barreiras da música e fez a biografia do grupo ir as telas do cinema.

Em Compton nasceram vários rappers famosos como: Dr. Dre, The Game, Eazy-E, Ice Cube, Kendrick Lamar, Suge Knigth, MC Ren, DJ Yella, Arabian Prince e muitos outros.

Voltando aqui para a nossa realidade, é impossível falar do Rap Nacional atualmente sem lembrar do mineiro Djonga, que ano após ano lança álbuns icônicos, como o mais recente “Histórias da Minha Área” que encerrou a trilogia composta por seus três primeiros discos: “Heresia”, “O Menino que Queria Ser Deus” e “LADRÃO”.

Rap Forte Belo Horizonte vira referência nacional no cenário do RAP
Histórias da minha área traz Djonga e amigos num beco da Região Leste de BH (foto: Alvinho e Daniel Assis/reprodução)

Histórias da Minha Área em apenas 1 semana, alcançou números impressionantes, batendo a casa dos 25 milhões streams nas plataformas digitais.

https://twitter.com/djongadorge/status/1241138489581875202

 

Além disso, Djonga tem participado dos maiores festivais nacionais e já ocupa o hall da fama do RAP nacional, dividindo o estrelato e palcos com ídolos como Mano Brown, integrante do lendário grupo Racionais MC’s.

Rap Forte Belo Horizonte vira referência nacional no cenário do RAP
Foto: Reprodução da Internet

Froid, uma das principais figuras da nova geração do hip-hop nacional também nasceu em Belo Horizonte, o artista que hoje reside em Brasília se consagrou com o hit “Pseudosocial”, lançado no inicio de 2016, no mesmo ano teve participação na faixa “Atemporal” do 3030. O rapper que também produz suas próprias músicas tem em seu currículo os álbuns: “Teoria do Ciclo da Água”, “O Pior Disco do Ano”,  “Sol”, e a Mixtape: “O Homem Não para Nunca, Vol. 1.” Além de colecionar participações em projetos relevantes a nível nacional como “Favela Vive” e “Poetas no Topo.”

Nós da equipe RAP FORTE conversamos com Froid sobre qual seria o diferencial da cena de BH, como citado acima o rapper não reside mais na capital mineira, porém tem propriedade para falar sobre a periferia onde cresceu.


"Sotaque é o ponto principal, já matei essa 
charada antes. O sotaque belo-horizontino 
não irrita, por mais que o Rio de Janeiro 
e São Paulo exportam músicas para o país todo, 
o lance do sotaque deles é muito característico. 
O sotaque de BH assim como de Brasília tem 
uma característica mais amistosa, pacífica 
e menos agressiva."

Perguntado sobre o movimento underground na capital, Froid respondeu:

"O RAP de BH sempre existiu firme, foi o lugar 
onde surgiu a maior batalha de RAP do Mundo, 
o Duelo de MCs, a cidade de Belo Horizonte 
em si é muito underground, tem muito a ver 
com o movimento urbano alternativo. 
A periferia da cidade é gigante, não tão 
bem armada quanto no Rio de Janeiro, porém 
são vizinhos, 4 horas de carro você está 
no Rio de Janeiro."

Durante a nossa conversa, Froid remeteu a fatos da sua infância:

"Eu morava no Bairro União, União é um bairro que 
morre gente, mas tem asfalto, eu vi muita gente 
morrer na minha frente."
"Belo Horizonte é uma metrópole, é como se fosse 
Rio ou São Paulo, então precisa de periféricos,
é igual no Brasil todo, a mãe sai de manhã pra 
trampar e volta só a noite. O que o filho sem 
pai faz no bairro a tarde é problema do bairro."

Essa vivência que não é exclusividade de Belo Horizonte, mas também da maioria das grandes cidades brasileiras, assimila as ruas de Compton, por ser um RAP real, onde desde cedo as crianças aprendem a superar as dificuldades da dura realidade que muitos de nós vivemos. A música em si, se torna uma válvula de escape, do dilema entre a arma e o microfone.

Froid nos conta que já viveu isso na pele, inclusive perdendo muitos amigos de infância:

"É real, na minha rua só sobrou um amigo, que vem passar 
todo natal comigo, morreu todo mundo, ou ta preso, todo 
mundo da minha rua! E as meninas tiveram 4 ou 5 filhos.
Eu não estou inventando isso." 
"Juntando isso tudo você tem uma química perfeita para 
cozinhar o melhor RAP do país." concluiu Froid.

As mulheres mineiras também somam a cena local, mostrando toda sua força e versatilidade, nomes como Clara Lima, que já foi citada aqui no portal RAP FORTE, se junta a Iza Sabino, vulgo “Sua Mãe” que vem mostrando sua cara ao Brasil e lançou na última sexta (3 de Abril) o álbum “Best Duo” com o influente FBC.

Com 10 faixas, o projeto tem participações de Djonga, X Sem Peita e Paige.

Iza Sabino é natural de Belo Horizonte e está envolvida no cenário do RAP desde 2014.

“Procuro sempre abordar o empoderamento das mulheres negras e do
movimento LGBTQ+, gosto de retratar assuntos sérios de forma 
dinâmica e é isto que eu procuro trazer para as músicas, sou 
bem versátil mas procuro mostrar um lado marrento.” 

declarou a artista para a equipe RAP Forte.

Fabricio agrega, a vitalidade da jovem Iza Sabia, toda sua experiência de 15 anos inserido na cultura hip-hop. Cria das batalhas de rima, FBC ganhou notoriedade junto ao coletivo DV Tribo que expôs os nomes de Djonga, Clara Lima e Hot & Oreia.

A mixtape “Best Duo” se junta com os dois álbuns de estúdio do rapper, são eles “S.C.A” de 2018 e o mais recente “Padrin” de 2019 que viralizou nas redes sociais no seu lançamento e engajou artistas de fora da cena como Marília Mendonça e o mítico rapper Mano Brown a postarem a data 15/11 em seus perfis.

Confira a declaração exclusiva do Padrin:

Belo Horizonte tem RAP que agrada a todos os estilos.

Hot e Oreia eram integrantes da DV Tribo, composta também por nomes como Clara Lima, Djonga e FBC.

Hot e Oreia são uma dupla de BH irreverente e autêntica que surge com uma levada diferenciada e versos bem humorados, que vai da política a críticas sobre a cena do hip- hop, imprimindo assim um estilo único dentro do rap atual. Os ideais dos artistas ficam evidentes em seu primeiro disco intitulado “Rap de Massagem,”  que também dá nome a uma faixa do álbum. Músicas como “Padrões“ com a produção de Coyote Beatz, “Cigarro” e “Estilo” também são ótimas pedidas da dupla mineira.

Recentemente a dupla recebeu a premiação de melhor videoclipe nacional por escolha do público na sétima edição do Music Video Festival no ano de 2019. A produção premiada foi o clipe “Eu vou” com participação de Djonga.

 

Chris MC que é irmão de Clara Lima participa de batalhas no Viaduto Santa Tereza desde os 16 anos é outro expoente belo-horizontino. Os dois tiveram participação na faixa “Eu Sou o Jogo”, do Sagaz, que inaugurou a carreira de Chris.

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Chris MC e Clara Lima foto reprodução da internet.

O cantor que explora ao máximo sua voz diferenciada rende elogios até de outros públicos nas redes sociais, Chris fez parte do grupo carioca 1Kilo e participou de trabalhos como “Dia de Caça” que o lançou nacionalmente. Chris ganhou destaque também ao agregar seu talento a uma edição do Poesia Acústica, da Pineapple.

No começo de 2019 lançou seu disco “PRIN$” se consagrando na cena local e se juntando a nomes como os de FBC, Djonga e Sidoka que estão sempre participando de feats uns dos outros o que agrega a todos os envolvidos, onde quem mais ganha é o público do RAP que agradece a essência mineira.

“Eu acho que é o momento em que a gente tinha que estar fazendo isso mesmo. É importante a gente estar fazendo isso e estar participando nos discos uns dos outros. Tem participação do Djonga no disco do Fabrício, o Sidoka e o Hot têm participação no disco um do outro, eu tenho som com o Sidoka. É importante andar de mãos dadas, é mais fácil você conseguir levar alguém.” Declarou Chris MC em entrevista para o VICE Brasil por Amanda Cavalcanti.

 

Sidoka e o TRAP de Minas

Se no RAP de sua forma mais clássica e original, Djonga é considerado “Deus”, no trap nacional, não tem quem não conheça Sidoka. O jovem astro conhecido por sua levada venenosa soltava músicas no SoundCloud, como o próprio artista conta nas suas entrevistas, até que explodiu depois de participar da faixa “UFA”, que integra o álbum “O Menino Que Queria Ser Deus” do Djonga, e desde então não parou mais. Na final da noite da última sexta-feira (3 de abril) a revelação do Trap Nacional roubou a cena mais uma vez e “du nada” como já virou rotina, pixou a madrugada lançando uma mixtape pesada entitulada “Futuruz”.

O mineiro Doka é venerado nas redes sociais pela sua autenticidade.  Sidoka que já tem no seu currículo a mixtape “Dokaz”, o projeto de estúdio “Elevate”, o EP “Sommelier” e seus discos “Doka Language” e o aclamado “Merci” arrancou elogios de todos os fãs com o último lançamento.

Confira a mixtape completa no canal oficial do artista.

 

Vale ressaltar que Djonga, FBC, Clara Lima, e Sidoka estarão presentes no Rap in Cena – O maior Festival de Rap do Sul do Brasil. Veja matéria sobre o evento, clique aqui.

Confira também a nossa matéria exclusiva que foi citada acima sobre A REPRESENTATIVIDADE FEMININA NO RAP.

Não esqueçam família, fé em Deus e álcool em gel…