Conversamos com o artista porto-alegrense sobre seu primeiro lançamento oficial nas plataformas com participação de Hugo Rafael.
Com muito BoomBap, pela admiração pelo rap, indignação e empatia pela luta, Blanca lança seu primeiro Single “Eu só Quero Voar” ao lado de Hugo Rafael, um som produzido por Tixaman o homem que está por trás da produção musical, do consagrado disco “Pra quem já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu Cheguei Longe…” de Emicida.
Pra quem já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu Cheguei Longe…Blanca é um Rapper de Porto Alegre, começou a rimar no colégio em rodas de violão e se aproximou do rap na faculdade, ajudava como produção no Grupo Milianos e sempre estava no rolê do Rap, fazendo freestyle pela Cidade Baixa, bairro boêmio de POA. O que deu início na sua trajetória como produtor artístico. Foi nas idas e vindas de sua carreira profissional em São Paulo que através de um amigo conheceu o Tixaman, icônico produtor musical por trás da obra que revelou Emicida, a mixtape “Pra quem já mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe… “. Tixaman trouxe Hugo Rafael para o refrão e o resultado é o single que lança a carreira de Blanca: “Eu Só Quero Voar”. O flow é denso e crítico mas sem perder a levada do Soul, intensa referência de Blanca, que é muito fã do estilo, principalmente do lendário Tim Maia. No período de pandemia Blanca voltou para POA e se reuniu com Gean Brasil e a gravadora Konvictus para lançar seu primeiro álbum “Pesado”, que estreia no fim do ano.
A equipe da Rap Forte também conversou com o Rapper sobre seus planos pro futuro, se liga só:
Blanca: Então, eu sou branco, privilegiado, tive acesso a educação, saúde, lazer, saca? Então, meu envolvimento com o rap é por admiração, indignação e empatia pela luta. Meu objetivo é fazer minha crítica, minha reflexão, abrir portas e pensamento para muita gente. É ter voz e dar voz para um mundo mais justo. Com muito boombap e swing é claro! E caso as conquistas vierem, fazer na atitude a diferença tá ligado? É propósito mesmo.
Blanca: Eu tento sempre levantar críticas construtivas pra gente conseguir trazer reflexão de um jeito maneiro e divertido, sempre entendendo o meu lugar de fala dentro da discussão. Até no momento de diversão eu procuro levantar críticas, até na hora de falar de amor, saca? Pois é esse meu propósito aqui e não me sinto confortável em me apropriar do movimento e da cultura do hiphop para promover meu ego tá ligado? Eu sou um cara branco, privilegiado, não vejo muito sentido em eu ficar ostentando carro importado e objetificando mina, saca? Meu lance aqui é por empatia saca? Blanca não é o rap. Não é o hip hop. Blanca se manifesta através do rap, por pura admiração e empatia pelas causas que ele levanta. O que é muito diferente do preto que cresceu na favela fazer um funk ou um rap de ostentação, ele exalta o poder que conquistou nessa sociedade escrota, saca? Pois tá quebrando paradigmas, tá mostrando que sim, porra! Um preto favelado pode ter tudo isso que brancos truculentos escrotos não queria que tivessem! É poesia pura, inspirador pra caralho pro muleque que tá entendendo o mundo á margem, saca? Ele ver que alguém que vem de onde ele vem pode chegar lá e que essa opressão escrota não é maior que o talento dele saca? Por mais capitalista opressor que transpareça a exaltação de bens materiais, no lugar de fala dessa galera, que eles sim, são o rap, são o hip hop tá ligado? Ali faz todo sentido e é uma puta crítica. Então, por isso que eu digo: minha vertente é a reflexão. É provocar as pessoas a questionarem as amarras da sociedade saca? E sim, é inspirar e aspiracionar a cultura hip hop e o rap, pois isso sempre soma pro mundão. Mas sempre lembrando do meu lugar de fala. Afinal, “o rap é compromisso, não é viagem”, já dizia o Sabota.