Jupi77er, MC do Rap Plus Size, lança primeiro disco solo após transição de gênero

Jup77er comenta que ‘RG’ “veio com a necessidade de colocar [sua] identidade em evidência, por ser uma pessoa transmasculina não-binária”

 

Jupi77er é MC, poeta, compositor, empreendedor, apresentador e também integrante da dupla Rap Plus Size. No entanto, em seu primeiro solo mostra o seu processo de transição a não-binaridade com o álbum “RG”, já disponível em todas as plataformas digitais e lançado pelo selo TRME. Você pode conferir o álbum completo aqui: 

 

 

A faixa “Não Nasci Mulher” abre o álbum com uma retratação de Jupi77er a “Eu Nasci”, música gravada em ‘A Arte da Refutação‘. Na época, ainda assinava com o nome de Issa Paz. Assim, comentou:

 

“Essa primeira poesia tinha uma premissa transfóbica e falta de compreensão sobre gênero, que hoje eu consigo elucidar melhor. Assim, essa “diss” poética é uma maneira de mostrar que não estou mais de acordo com aquelas ideias dadas naquela época e que hoje penso diferente, com o que faz sentido para mim”, 

 

O álbum, com 10 faixas, tem produção assinada por OOFCY BASS. A sonoridade caminha entre hip hop, boombap, drill, trap, samba, funk e até mesmo experimentos onde Jupi77er trabalha com texturas e extensões vocais em diferentes linhas melódicas. Gabrelú, musicista, diretor criativo, produtor e performer, faz uma participação na música “Pensa que me Conhece”. Assim, Jupi77er destacou:

 

“Eu me identifico muito com a música de Gabrelú, pessoa preta, não-binária, cria de Votorantim, interior de São Paulo. Elu chega pesade na letra, mostrando a importância de racializar o debate da trans não-binaridade”.

 

Jupi77er, lança primeiro disco solo 'RG'
Jupi77er, lança primeiro disco solo ‘RG’ – Imagem: Divulgação/Iza Guedes

 

Mais comentários de Jupi77er acerca de seu disco ‘RG’

 

Além de abordar seu processo de transição como tema central do álbum, Jupi77er também revela sua crença como umbandista, referenciando entidades e orixás de matriz africana em várias letras. “Não tenho como falar da minha identificação como transmasculino não binário sem falar do meu processo espiritual que veio junto, no mesmo pacote. O axé me salvou e sou muito grato por isso”.

 

Falando sobre empoderamento e auto afirmação, Jupi77er celebra a sua existência de maneira legítima e original, disposto – sobretudo – a abraçar outres que se conectem com as suas experiências. Por fim, trouxemos um comentário extenso acerca dessa obra feito pelo MC:

 

“A ideia desse trabalho veio depois da minha retificação de nome. Eu já tinha várias letras prontas precisando de beat e era preciso colocar um projeto meu solo na rua, já que os anteriores estão com o nome antigo. “RG” veio, então, com a necessidade de colocar minha identidade em evidência, por eu ser uma pessoa transmasculina não-binária.

 

Não temos muites artistas não bináries no hip hop com reconhecimento, principalmente pessoas não binárias gordas. Eu espero que esse cenário possa mudar e que isso chame a atenção para a causa, dando visibilidade e mostrando que nossa identidade é real e estamos aqui criando, vives e fazendo acontecer”.


E se você não ouviu o álbum ainda, também é possível ver o clipe da faixa com Gabrelú, “
Pensa Que Me Conhece”, com produção de OOFCY:

 

 

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